quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

8º Dia – A caminho de Sarlat - Parada em Uzerche

Saímos de Poitiers com tempo feio, e logo começamos a pegar chuva na estrada. Eu acordei com dor de cabeça e então minha mulher teve que dirigir bastante aquele dia. Após rodarmos cerca de 120km, passamos por Limoges, mas não paramos. Muitos quilômetros depois, vimos ao longe os telhados cinzentos de uma cidadezinha medieval espalhados sobre uma colina, do lado esquerdo da estrada. Resolvemos dar uma pausa na viagem de carro e seguir em direção àquele vilarejo.
Uzerche é uma cidade minúscula com apenas 3.200 habitantes, e fica implantada em uma curva do rio Vézere. Suas construções antigas se empoleiram em uma colina, por onde ruas cada vez mais estreitas o levam ao topo, onde está erguida à milenar abadia românica de St-Pierre. Lá do alto, há um mirante de onde se vê todos aqueles telhadinhos de ardósia, acompanhando a curva do rio e a encosta da colina. E pensar que há milhares de cidadezinhas como essas espalhadas na França! É impressionante ver como são bem preservadas...Há inclusive um site que lista dezenas delas, com um nome bem sugestivo: Le Plus Beaux Villages de France. Vale a pena dar uma olhada.

Este é um postal que compramos lá...a foto dá uma boa idéia de como é o conjunto urbano da cidade. Pena que o tempo não estava assim, ensolarado.

Essa é a ponte Turgot, sobre o rio Vézere. Interessante o viaduto ferroviário passando sobre ela...

Uma das esquinas da cidade, onde se veem os casarões medievais de pedra e os telhados pontiagudos do château.

Essa parada foi muito legal – bom sair um pouco do roteiro original!
Veja mais fotos e informações aqui.

Seguimos para a parada final daquele dia: Sarlat.

domingo, 27 de dezembro de 2009

7º Dia – Poitiers

Apartir de Villandry seguimos viagem com destino a Poitiers. Nossa passagem por essa cidade tinha o objetivo de nos encontrarmos com uma amiga, que nos convidou para passarmos uma noite em sua casa. Enquanto esperávamos ela sair do trabalho, fomos andando aleatoriamente pelo centro da cidade e visitamos apenas 2 monumentos históricos: a Igreja de Notre-Dame-la-Grande (Place Charles de Gaulle, o coração histórico da cidade) e a Cathédrale St. Pierre, cuja fachada desproporcional escondia um interior tranqüilo e silencioso. Aliás, nós não presenciamos na cidade a agitação de universitários da qual o guia falava, apenas passamos por ruas sossegadas e quase vazias.
Após estabelecidos no apartamento dela, saímos para jantar e aproveitamos para conhecer um pouco mais a cidade. Interessante vivenciar um dia assim, como um morador, não tanto como um turista. Um morador que fica preso alguns minutos em um elevador velho e não faz check-out no dia seguinte.
A passagem em Poitiers foi estratégica em nosso rumo ao sul da França. No dia seguinte pegaríamos bastante chuva na estrada, mas conheceríamos a extremamente charmosa Uzerché.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

7º Dia – Vale do Loire – Villandry

Mais 10 quilômetros e chegamos ao Château de Villandry, famoso pelos seus jardins. O dia de repente ficou nublado e feio. Lembro-me de ter ficado chateado com isso, pois ficava imaginando as fotos que eu tiraria naquele lugar se houvesse um belo céu azul... Que besteira... Visitar um lugar e ver, com os próprios olhos, deveria ser o bastante não? E ficar chateado em viagens é perder um tempo impagável.

Mesmo assim, os verdes intensos, os rosas e os vermelhos dos jardins foram suficientes para boas fotos, e para me deixar de queixo caído.

O lugar é fantástico. Os 40.000 m2 de jardins são divididos em 3 partes: "Le Potager" (jardim da cozinha), é um mosaico composto por 9 grandes quadros, cada qual com seu intricado desenho. (foto acima)

São mais de 40 espécies de verduras e vegetais formando padrões de cores e texturas muito interessantes e criativos. No centro da cada um desses quadros há uma fonte e nos cruzamentos das alamedas que os separam há quatro caramanchões.

O "Jardin d'ornement" (jardim do ornamento) fica em um platô elevado e tem belíssimos arranjos cheios de simbolismo, podendo ser apreciados com clareza apartir dos terraços e da torre do château. Alguns desses arranjos representam o amor: são corações apaixonados em rosa, separados por chamas ardentes, partidos em confusão, e destruídos por lâminas em vermelho.



O "Jardin d'eau" (jardim da água), possui um lago de 3.000 m2 que abastece todo o complexo. Veja a foto abaixo.

Álias, todo esse complexo exige o trabalho ininterrupto de 13 jardineiros que cuidam dos 52 km lineares de canteiros e floreiras, desenhados pelo médico espanhol Joachim Carvallo, em 1906.

O château foi construído em estilo Renascença no século XVI. De uma antiga fortaleza medieval foram mantidas apenas as fundações e a torre de menagem, que hoje funciona como um mirante que proporciona vistas esplendidas dos jardins da propriedade.
Visite o site oficial do Château.
Aqui, você encontrará boas informações em português.
E aqui, uma foto aérea dos jardins e do castelo.
No próximo post, chegaremos à cidade de Poitiers.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

7º Dia – Vale do Loire – Tours

Continuando...

Partindo de Amboise, seguimos em direção à cidade de Tours, cidade de 142.000 habitantes e de grande importância na região. Nossa passada por lá foi muito rápida e, de monumentos históricos, conhecemos apenas a Catedral de St-Gatien, com sua fachada em estilo gótico flamboyant e torres de 87 metros de altura.
Dois fatos, nada gloriosos, que me fazem rir quando lembro de Tours: o primeiro foi a aventura em uma ultramoderna cabine de banheiro público, que ficava em frente à catedral. Sabe quando você se sente um idiota procurando botões e tentando entender o funcionamento das coisas? Era tudo automático, óbvio...Não precisava tocar em nada ali. Ainda bem que não tinha ninguém vendo as minhas trapalhadas.
A outra, também ridícula, foi quando fomos abastecer o carro. Demoramos a descobrir que diesel era gasóleo e qual das bombas era a correta.

Curiosidade: Tours foi intensamente danificada durante a Segunda Guerra, e sua recuperação foi levada a cargo durante os sucessivos mandatos de um prefeito chamado Jean Royer, que governou a cidade entre 1958 e 1996 - 38 anos!

domingo, 29 de novembro de 2009

De volta à Amboise

Ao voltar de Chenonceau, fomos dar uma volta no centro da charmosa cidade de Amboise. Nós não visitamos o Chateau de Amboise, mas deveríamos, pois este chateau também foi residência real e onde está a tumba de Leonardo da Vinci. Tudo bem... estávamos cansados e satisfeitos com tudo o que havíamos visto naquele dia.


Enfim, o dia havia acabado, com a expectativa de mais um dia no Vale do Loire, e a continuação da viagem rumo a Poitiers.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

6º Dia – Vale do Loire – Chenonceau

Visitar o Vale do Loire foi uma experiência daquelas que chegam a doer de lembrar. Dói mesmo, uma dor de nostalgia. Dá saudades como se fosse de uma pessoa querida que não vemos há muito tempo e que sabemos que está lá, linda e disponível, esperando em nos receber novamente. Dói saber que vi tão pouco, e que há ainda dezenas de castelos a desvendar, histórias a conhecer. A França é assim: um vício.
Chenonceau foi o ponto alto de um dia inesquecível. O lugar é simplesmente magnífico: após estacionar o carro, atravessamos uma alameda de belos plátanos até termos à vista a Torre Marques, uma torre medieval circular que faz parte da antiga propriedade da família Marques, os primeiros moradores do local nos idos de mil, duzentos e bolinha.

O acesso continua entre os jardins assentados sobre plataformas e separados por fossos formados pelas águas do Rio Cher. O château propriamente dito estava então à nossa frente: uma bela construção renascentista, com inúmeros torreões e telhados de ardósia, que se projeta sobre o rio exatamente como uma ponte.

Antes de entrarmos, queríamos tirar fotos do cenário todo.
Começamos pelo jardim de Diane de Poitiers, a amante que ganhou o château de presente do rei Henrique II, e que foi responsável por muitas benfeitorias no local.

Sua obviamente-rival, Catarina de Médici, esposa do rei Henrique II, foi a responsável pelo outro jardim, oposto ao primeiro e de onde se tem belas vistas da construção.

Descendo um pouco à margem do rio, pudemos tirar aquela foto romântica do castelo, refletido no suave movimento das águas que passam entre as suas arcadas. Quantas milhares de vezes essa foto deve ter sido tirada!

A visita aos interiores do château foi certamente interessante: os ambientes estão decorados com móveis de época e imensas tapeçarias. Lembro-me particularmente do hall principal, com seu teto de abóbadas de arestas, da pequena capela e da ainda equipada cozinha. A Galeria, como é chamada a ala de 60 metros de extensão que atravessa o rio, foi construída por Catarina de Médici sobre a ponte erguida por Diane de Poitiers. Em um de seus pavimentos havia uma exposição do artista plástico Pierre Yves Tremóis, cujos refinados desenhos e esculturas libidinosas devem ter assustado as 50 beatas italianas que visitavam o local naquele dia. Nos divertimos muito com a cena (que não presenciamos) e deixamos Chenonceau rindo a toa.
O presente de última hora foi esta foto (abaixo)...

Alias, se quiser tirar fotos aéreas dos castelos é só falar com esses caras (link). Eles podem levar você e sua esposa por apenas 398 Euros. Deve valer a pena (!)

E como diriam os comerciais da Polishop: "E ainda, não acabou!!!
Chegamos de volta em Amboise a tempo de passear um pouco...

Não deixe de visitar o site oficial de Chenonceau. O tour virtual do site é ótimo.

Visite também este blog, com muitas informações e fotos adicionais de Chenonceau e muitos outros castelos do Vale do Loire.

domingo, 22 de novembro de 2009

6º Dia – Vale do Loire – Blois

Saindo de Chambord fizemos uma rápida parada em Blois, uma pequena cidade de 50.000 habitantes às margens do Rio Loire. Blois é famosa pelo seu château, moradia real entre os séculos XIV e XVII. Nós infelizmente não o conhecemos, tão pouco podemos dizer que conhecemos a cidade. Achamos um lugar bacana para estacionar o carro à beira do rio para tirar fotos e depois demos uma volta rápida pelas suas ruas. Foi só isso, mas foi o bastante para deixar-nos com vontade de ficarmos hospedados lá numa próxima viagem. Passar uns dois dias lá não seria nada mal.

Seguimos para Chenonceau....

domingo, 15 de novembro de 2009

6º Dia – Vale do Loire – Chambord

Seguimos viagem para Chambord, que fica a poucos quilômetros da cidade de Blois e a aproximadamente 50 km de Amboise. Este percurso é delicioso: a estrada segue próxima ao rio, com um ou outro castelo despontando entre bosques e pequenos vilarejos.
A primeira visão do Château de Chambord é impressionante. Acredito que a dimensão do castelo e a paisagem circundante são os responsáveis pelos suspiros românticos dos visitantes. Num segundo olhar, as dezenas de torres, chaminés e mansardas do telhado parecem confusas, um emaranhado de coisas de difícil compreensão. Mas talvez você nem perceba isso: o cenário é encantador demais para se perder em detalhes.


Três coisas que ficaram na memória:
1- Nós não pagamos entrada – era domingo, e não era cobrado ingresso neste dia.
2- É possível passear no telhado. Eu fiquei alucinado, tirando dezenas de fotos do entorno e de muitos detalhes arquitetônicos interessantes.
3- A escada principal, supostamente idealizada por Leonardo da Vinci (aliás, diz-se que o projeto de Chambord foi baseado em um croqui do próprio, fato pouco provável). A escada é em duplo-hélice: são duas escadas helicoidais (o vulgar caracol) em um mesmo eixo, ou seja, se uma pessoa subir em uma delas, e a outra descer pela outra não vão se encontrar no meio. Óbvio? Mas difícil de entender não? Veja esta foto, e essa - acho que ajudarão.


Curtíssima história do castelo:
A construção começou em 1519, segundo um modelo de Domenico di Cortona, durante o reinado de Francisco I. As obras se estenderam até 1559, mas a o castelo nunca foi completado. Os Château de Amboise e Blois eram residências oficiais do rei Francisco I, portanto a construção de Chambord serviria apenas como residência de caça. O rei passou apenas 7 semanas ao todo no local e suas curtas temporadas de caça movimentavam a corte: 2000 pessoas, todo mobiliário, utensílios e comida eram levados em cada visita.

O edifício:
São quatro alas que se fecham em um pátio retangular, onde se ergue o corpo principal da construção. Os cantos se abrem em torres cilíndricas (bastiões), mas parte das alas laterais e a ala posterior não foram completadas e possuem apenas um pavimento. O edifício tem portanto a forma de fortificação em sua concepção (incluindo um fosso), mas é erguido segundo a arquitetura renascentista francesa, que se apropriou do modelo italiano.
O castelo mede 156 x 117 metros e abriga 440 ambientes, com 365 lareiras e 84 escadas. Números são sempre interessantes, mas nada como uma foto aérea para entender tudo.
Neste post, eu comentei que parte do acervo do Louvre foi trazida para cá durante a Segunda Guerra, a fim de protegê-la.
Há uma área com restaurantes dentro do parque, onde nós almoçamos qualquer coisa. Vimos muitos franceses passeando com suas famílias. Não sei se eram turistas ou moradores de vilas e cidades vizinhas. Que privilégio ter um lugar como esse por perto, não?
Nossa visita durou pouco, e creio que será difícil voltar lá. Esse registro escrito é uma forma de manter viva essa memória.
Próxima parada: Blois e Chenonceau.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

6º Dia – Vale do Loire – Chaumont

A primeira coisa que fiz naquele domingo foi abrir a janela. Estava sol. Para mim, aquilo fazia uma grande diferença na época: como adoro tirar fotos, eu ficava (ficava, no pretérito) meio mal humorado com tempo ruim. Mas o mau humor nem chegou perto: após um café agradável saímos para explorar a região, bem cedo. Eu já tinha uma idéia do que veríamos (óbvio): as cidades de Amboise, Blois, o Château de Chambord, e se fosse possível, Chenoceaux.
Paramos em um vilarejo muito charmoso, chamado Chaumont-sur-Loire, a 16km de Amboise. O Château de Chaumont está ali perto, em cima de uma colina. Resolvemos conhecê-lo, mesmo não estando no roteiro (não sou tão 'engessado' assim...). Foi nossa primeira parada e já ficamos de queixo caído com a beleza do lugar.
O castelo foi construído em fins do século XV e foi propriedade de Catarina de Médici e de sua rival Diane de Poitiers.
Vemos na construção todas as características da arquitetura militar: fosso, ponte levadiça e torreões. Estão misturados detalhes góticos e renascentistas, combinação freqüente nos castelos do Vale do Loire.


Há uma bela vista do rio Loire apartir do pátio do castelo. Os interiores são muito interessantes e repletos de mobiliário de época.

Diz-se que Nostradamus passou por aqui, bem como Benjamin Franklin, que chegou a ficar hospedado no castelo.
Veja aqui uma bela foto do castelo.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Caminho para Amboise

Antes de chegarmos a Amboise, havia muito chão pela frente. Nos perdemos na saída de Chartres – saímos de Paris ilesos e fomos nos perder numa cidadezinha! Depois, rodamos mais 130km. Em Amboise tínhamos uma reserva em um hotelzinho pequeno, mas para nossa surpresa parecia não haver ninguém lá. Tocamos, gritamos, buzinamos e nada. Tudo escuro. Perguntamos para um vizinho e só entendemos algo como "Je suis désolé". Madame Bonachera (nunca esqueci esse nome, não sei porque) esperou até às 18:00 horas e enfim, se mandou.
A sorte é que eu lembrava do nome de um hotel do outro lado do rio chamado La Pérgula. Fomos para lá, preocupados com a estrada estreita e escura, e já estávamos exaustos. Havia um único quarto disponível – no sótão! Beleza, era tudo o que queríamos. O dia seguinte reservava grandes acontecimentos. Eu rezei para sair sol e para o piso de madeira velha não afundar com a gente.

domingo, 1 de novembro de 2009

5º dia: Chartres

Deixamos Versailles com destino à Chartres, pequena cidade com 42.000 habitantes, a 96 km de Paris. Seria mais uma parada neste longo dia, antes de chegarmos à Amboise.
Lembro-me de estarmos irradiantes com aquele momento: dirigíamos na França, ouvindo Paul McCartney, e avistamos as torres da catedral ainda da estrada, a mais de 10km de distância!
A Catedral de Chatres é um dos mais preciosos monumentos históricos da França e uma das mais belas catedrais góticas da Europa.
Para chegar à catedral passamos a pé por uma ponte de pedra sobre o rio Eure e por estreitas e simpáticas vielas. A catedral ergue-se massivamente em meio à este acanhado cenário urbano.

A primeira igreja românica erguida neste local foi iniciada no ano de 1020 e destruída por um incêndio em 1194. Remanescentes da fachada principal, do campanário sul e da cripta sobreviveram a este incêndio, e assim foram incorporados à construção da nova catedral gótica, finalizada em apenas 26 anos, ou seja, em 1220.

A praça em frente à fachada principal (desenho acima) permite que se tenha uma visão magnífica da catedral e suas torres de diferentes formas arquitetônicas. A torre mais baixa, com 105 metros, pertence ao primeiro período de construção, daí as suas feições românicas. A mais alta, com 113 metros e erguida no século XVI, tem características do gótico flamboyant.
Finalmente entramos na catedral, boquiabertos com suas dimensões. A nave, com cerca de 100 metros de comprimento, assemelha-se a uma gigantesca caverna, iluminada suavemente pela luz colorida dos seus 186 vitrais. O órgão da catedral fica pendurado em uma das paredes laterais da nave de 37 metros de altura, e me fez lembrar um gigantesco morcego, vigiando os fieis perdidos na escuridão. Só não é tão ameaçador, pois dele sai melodiosas composições de gênios da música. Alias, foi Bach quem anunciou a entrada de uma noiva na igreja, de vestido rosa e chapéu, quase que pedindo licença para os turistas.
Não deixe de dar uma volta completa na catedral, observando os portais laterais, os arcobotantes e as capelas. Há um belvedere atrás da catedral, com uma bonita vista da cidade.
Dado interessante: todos os vitrais da catedral foram removidos e guardados em local seguro durante a Segunda Guerra Mundial, a fim de protegê-los contra eventuais bombardeios.

Próxima etapa: Vale do Loire.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Jardins de Versailles

A parte da visita mais marcante para nós, foi sem dúvida o passeio pelos jardins do palácio de Versailles, a obra-prima do paisagista André Le Nôtre.
O lugar é imenso (cerca de 3km em seu eixo maior). Então se prepare para andar (acho que já repeti essa frase antes!). Nós ficamos exaustos e não conhecemos nem metade do lugar.
À esquerda, ao sair do palácio, fica a L'Orangerie (foto abaixo), cujos desenhos geométricos podem ser apreciados apartir de um belvedere (uma ótima chance de tirar uma boa foto) e no outro extremo fica a bela Fonte de Netuno. No centro, em frente ao Salão dos Espelhos, ficam dois vastos espelhos d'água (Le Parterre d'Eau).

Neste alinhamento central fica a Fonte de Latone (foto abaixo), de onde se tem uma bela vista do 'Caminho Real' (Tapis Vert) e do Grande Canal. O Caminho Real é uma extensa alameda gramada no centro e ladeada por esculturas e vasos. Tem 335 metros de extensão e 40 metros de largura. Já o Grande Canal alinha-se a esse eixo e tem 1670 metros de comprimento. Construído em 11 anos servia para espetáculos náuticos com réplicas de embarcações e gôndolas trazidas de Veneza.


Vale a pena ainda conhecer: o Jardim do Rei Luis XVIII, a Colunata de Mansart, o Grand Trianon e o Petit Trianon. Este último palacete foi construído por Luis XV para abrigar sua amante, e mais tarde virou o refúgio pessoal de Maria Antonieta (esposa de Luis XVI), que gostava de manter sua privacidade longe da pomposa e sufocante Corte Francesa.

Nós não chegamos a conhecer os 'Trianons'. Estávamos cansados demais e tínhamos uma longa viagem pela frente: dormiríamos em Amboise, no Vale do Loire, com passagem pela catedral de Chartres, ainda no caminho até lá.
Reserve, no mínimo, uma manhã para conhecer tudo. O ideal seria um dia inteiro...seria perfeito.
Sentar em algum lugar tranquilo, quem sabe fazer um desenho, ou só ficar observando o movimento das carruagens, dos barquinhos do canal, dos turistas apressados (como nós).
Tudo bem...algumas horas serão suficientes para você nunca mais esquecer este lugar.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

5º dia: Versailles

Pegamos a rodovia A13 e rodamos cerca de 20km até chegarmos à pequena cidade de Versailles, onde fica o palácio.
Estacionamos facilmente o carro em um dos bolsões existentes no local.
Mas o acesso ao palácio foi um pouco confuso: filas diferentes para visitantes individuais e grupos e diferentes tipos de ingressos. Escolhemos o básico: aquela que permite acesso aos interiores e aos jardins.
No site oficial você verá essas diferentes opções de ingressos, mas as duas principais são:
Um 'passaporte' que inclui tudo, inclusive o Grand e Petit Palais (vale a pena se você tiver o dia inteiro disponível): 20 Euros;
Um ingresso para o palácio (o site não deixa claro se este ingresso inclui os jardins também): 13,50 Euros;

Breve histórico:
A corte real francesa desejava construir um palácio em um local próximo à Paris, mas ao mesmo tempo fora dos limites da cidade, evidentemente para se proteger no já tumultuado centro da cidade. A escolha do local se deu pela já existência de um pavilhão de caça, erguido por Luis XIII apartir de 1624. Seu sucessor, Luis XIV, contratou o arquiteto Louis Le Vau para começar as obras do ambicioso palácio, apartir de 1664. Participaram ainda da empreitada: arquiteto Jules Hardouin-Mansart, o arquiteto-paisagista André Le Nôtre e o pintor-decorador Charles Le Brun , um 'dream team' da arquitetura barroca.

Interior do Palácio:
Prepare-se para enfrentar a multidão de turistas se acotovelando nas estreitas passagens, tentado prestar atenção em seus audio-guides ou 'live-guides'. Bom, não fique irritado, afinal de contas você será mais um entre centenas deles.
Eu não retive muitas coisas na memória e não tirei fotografias lá dentro (me parece que agora é possível, sem o flash).
Lembro de ter ficado um pouco decepcionado justamente pelo excesso de gente, e pelos aposentos parecerem um pouco artificiais. Parece mesmo um museu, sendo difícil imaginar os ambientes sendo usados naquela época. Acho que na verdade faltou mais informação sobre o que estávamos vendo – um audio-guide teria ido bem (eles estão incluídos nos ingressos agora).
Mas lembro de ter ficado impressionado com a Capela Real e com o famoso Salão dos Espelhos. Este último aposento é certamente o mais significativo da visita, porque é realmente muito bonito. Espelhos de um lado, janelas com vistas fabulosas para os jardins de outro. Percorra os 70 metros de comprimento dessa sala com calma.
No próximo post sairemos para os grandiosos jardins do palácio de Versailles.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

5º dia: Aluguel do carro

Depois de quatro fantásticos dias em Paris, tínhamos pela frente uma das partes da viagem mais excitantes: viajar de carro pela França.
Nós alugamos o carro do Brasil, na Avis, e marcamos a retirada na estação de Gare du Nord. Fácil não é?
Acontece que a Gare do Nord é gigantesca, distribuídas em vários pavimentos e sem um santo para dar uma informação correta...Bom, talvez eu esteja exagerando, mas o fato é que resolvemos sair bem cedo do albergue para não atrasarmos muito (há um horário estipulado na hora da reserva). Difícil é ficar procurando lugares com todas as malas nas costas...por isso gosto de planejar as coisas o máximo possível para evitar esses 'perrengues'. A loja da Avis ficava lá no suvaco da Gare.
Bom, trâmites feitos e aquela velha história: sempre aparece uma taxinha extra na hora de passar o cartão de crédito nas agências de carro. Então quando for alugar um carro pela Internet saiba que o valor apresentado é apenas um parâmetro.
Nosso carro era um Citroen C3. Carrinho bacana. Empolgação total. Grandes expectativas.
Conseguimos sair da cidade sem maiores problemas e logo caímos na estrada com destino à Versailles.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Quarto dia em Paris: 4a parte – Chega de Louvre


Depois de tanta cultura, qual o melhor programa para se fazer?
Errou, se pensou em compras. É continuar desvendando essa cidade fantástica.
Seguimos para o vizinho Palais Royal, e seu adjacente jardim.
O Palais Royal foi encomendado pelo Cardeal Richelieu e foi concluído em 1629. Passou a ser propriedade da Coroa Francesa apartir de 1642, doado pelo próprio cardeal antes de sua morte. Hoje o palácio abriga o Conselho de Estado, o Ministério da Cultura.


Certamente o mais interessante desse local é o jardim de 225 x 90 metros, repleto de flores e bancos agradáveis para recompor as energias.
Quando eu estava tirando a foto acima, achava que estava sendo super-original. Pena que vi tantas fotos parecidas na internet depois. E na época, minha máquina era de filmes: ou seja, tiro no escuro total. Se fosse uma digital teria ficado melhor.
Mais um trecho de metrô e estávamos em outro local agradável da cidade: O Jardin des Plantes.
Este parque foi aberto ao público em 1640 e abriga o Museu de História Natural e Zoológico. Nós não visitamos esses lugares, só passeamos à toa por entre as alamedas de canteiros floridos e árvores grandiosas, como este cedro do Líbano, plantando em 1734. (foto abaixo)



Enfim, os 4 dias de Paris se foram... Dormimos a última noite na cidade, e no dia seguinte partimos para uma nova aventura: pegar o carro alugado e seguir viagem rumo ao interior da França. Próxima parada: Versailles.

Volto aqui depois do dia 12 de outubro. Motivo: Férias!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Quarto dia em Paris: 4a parte – Última do Louvre

Acervo
Nós ficamos 4 horas dentro do Louvre. Quatro horas parece muito tempo, mas não dá pra ver nem 10% do acervo. Se você ficar 10 segundos na frente de todas as 35.000 peças de arte do museu, você precisará de 97 horas para ver tudo! Isso sem contar os 10 minutos de empurra-empurra para chegar perto da Mona Lisa. Você precisará de bastante energia para percorrer mais de 7km de galerias (pelas minhas contas) ou 60.000 m² . Se você tentar absorver toda essa arte, provavelmente ficará sabendo o que é Síndrome de Stendhal.
Portanto, estabeleça suas prioridades: comece, por exemplo, pela galeria de pinturas italianas, na Ala Denon. No final dos 270 metros de comprimento dessa galeria, você chegará a uma grandiosa sala, que é o abrigo da pequena Mona Lisa.

Mona Lisa
Pequena em suas dimensões (77x53cm), mas gigantesca em sua fama, a Mona Lisa atrai uma multidão de ávidos turistas loucos pra chegar perto dela, tirar uma foto e dizer depois: "Eu vi a Mona Lisa!"...
Eu vi!
Seis milhões de pessoas por ano fitam aqueles olhos indecifráveis. Experimente ficar pelo menos 5 minutos na frente dela e você começará a entender o porque de tanta fama. Ela é sim extraordinária, pois ali parecer existir uma alma, estampada em sfumato na tela. É justamente o sfumato, a técnica de pintura desenvolvida por Leonardo da Vinci, que é responsável pelo ar misterioso da expressão da Mona Lisa. Sem definir uma linha ou limite nítido nos cantos dos olhos e da boca, Leonardo deixou para nós decidirmos se ela está sorrindo ou ironizando, se está triste ou feliz, se está no céu ou no inferno.


Como o acervo está divididoSão 8 departamentos divididos em 3 alas, dispostas em 4 pavimentos.

Departamentos:
Antiguidades do Oriente Médio;
Antiguidades Egípcias;
Antiguidades Gregas, Etruscas e Romanas;
Arte Islâmica;
Escultura;
Arte Decorativa (ou Aplicada);
Pinturas (século XIII a 1848 – pense em qualquer pintor europeu e haverá alguma obra dele lá);
Impressões e Desenhos;

Alas: Richelieu, Sully e Denon, correspondendo às asas do edifício.

Pavimentos:Subsolo: O Louvre medieval – as muralhas do castelo que eu mencionei antes;
Térreo: esculturas e antiguidades;
Primeiro piso: pintura italiana, na ala Denon;
Segundo piso: pintura francesa e flamenga, na ala Richelieu;
Como eu falei antes: se você começar a visita olhando minuciosamente artefatos, fragmentos e quinquilharias da antiguidade, você certamente chegará já meio cansado na parte das pinturas. Então comece por lá.

A divisão dos pavimentos acima está bem básica, portanto vale a pena fazer o download da brochura oficial do museu.

Neste link você encontrará as informações práticas. Se você está com preguiça de clicar: entrada 9 Euros para exposição permanente / museu aberto das 9:00 às 18:00hs.
Antes de fechar esse longo post, duas curiosidades:

Palais de Tuileries – essa ala de 266 metros 'fechava' o Louvre em seu lado oeste, próximo ao Jardin de Tuileries. Foi incendiada durante a Comuna de Paris em 1871, e demolida alguns anos depois. (o tracejado no desenho).
Existe um projeto para reconstruí-la e assim aumentar a área de exposições do Louvre. Felizmente, antes do incêndio, todos os móveis e objetos de arte foram retirados do edifício.

Segunda Guerra Mundial
Em 1939, grande parte do acervo do Louvre foi removida do museu, e levado para diversas localidades espalhadas pela França, incluindo o castelo de Chambord, no Vale do Loire. Ficaram apenas no museu as peças pesadas demais para serem transportadas. Imagine a complexidade dessa operação?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quarto dia em Paris: 3a parte – Mais Louvre


O acesso principal do Louvre (site oficial) se dá pela pirâmide vidro projetada por I.M.Pei em 1989. Apesar da controvérsia quanto à concepção deste projeto, eu acho a pirâmide a solução perfeita para o local. Imagine a responsabilidade deste arquiteto? Fazer um novo acesso para o Louvre, no meio de um dos edifícios mais importantes da história da França? Na verdade, a pirâmide é apenas o coroamento externo de um vasto projeto de renovação chamado Grand Louvre, iniciado em 1981. Apartir desta data foram feitas escavações arqueológicas no Cour Napoleon, onde fica a pirâmide de vidro, e no Cour Carrée, onde foi encontrada parte da fortaleza do rei Felipe Augusto.


Muralhas sob o museu

O imenso edifício que vemos hoje é resultado de sucessivas construções e ampliações feitas por reis e imperadores franceses. O rei Felipe Augusto construiu, apartir de 1190 as muralhas de defesa da cidade, e em seu lado oeste, junto ao rio Sena, ergueu uma fortificação – parte dessa fortaleza pode ser vista hoje, graças às escavações dos anos 1980. Eu fiquei alucinado quando descobri que, 'em baixo do museu, os caras acharam um castelo'! Foi essa a minha impressão naquele momento, e talvez eu tenha dito exatamente isso para minha esposa. Incrível...Que cuidado extraordinário com o patrimônio histórico os franceses tem. Eles escavaram um imenso buraco em volta da base das muralhas, a 7 metros de profundidade, sob uma laje de concreto que suporta o pátio de Cour Carrée. Tudo isso estava enterrado havia 500 anos.
Apartir do século XIV, o Louvre perdeu sua função defensiva e passou a ser transformado gradativamente em palácio real, até atingir suas vastas dimensões atuais. Para ser ter uma idéia do tamanho do prédio ele mede cerca de 660 metros em seu eixo longitudinal, e 260 metros separam as duas alas no lado que se abre para Tuileries.
Neste link, você pode se aprofundar na história do Louvre.


Na foto acima, o Cour Carrée. As muralhas remanescentes do castelo foram encontradas no canto deste pátio (na foto, do lado sombreado).